quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ensaio 5 Pt.1

"Ele só queria parar por uma fração de segundos, sem pensar duas vezes, unicamente para conhecer pessoas que ele conhece hoje numa outra ordem."

Todos os dias ele tomava seu café com um torrão de açúcar mascavo, isso era uma rotina que ele considerava sagrada, como um ritual quenão poderia ser alterado pela maioria das vezes ou quebrado, ao pegar seu café ele sempre se sentava no fundo da lanchonete, onde a luz do raiar do sol batia menos, pois as janelas já eram gastas e enferrujadas evitando assim que abrissem, sem contar os vidros verde-fumê e uma cortina bege feita de algodão grosso.
Esse era o cenário perfeito para seu deboche matinal diário das noticias que, conforme a cada folheada no jornal ele criticava e dara mil risadas diante de tudo que lia, sempre culpando todos que em sua volta estavam ou os poderosos.
Seu sorriso era estranho, levava a ganância de alguém que conquistará o mundo através de cargos relacionados a opções de suma importância de qualquer um, e fazendo suas oposições sucumbirem uma por uma, também levava a fragilidade de um homem de meia idade que nunca tivera tido um amor verdadeiro ou uma esposa, pois dedicado e esforçado, nunca teve tempo para isso, para completar ele levava a ironia sobre morte e vida como se fosse uma coisa mínima, despreocupante e futil, "pessoas morriam e viviam todos os dias" ele pensava assim.

Ao chegar certo dia no restaurante, ele fazendo sua rotina, decidiu como raramente fazia, sentar nos bancos que giram e que respectivamente ficam presos, com uma única visão do balcão extenso com cor de madeira velha e vernizada.
- As noticias hoje parecem estar incríveis, quero dar risadas, Wilson. Ele disse olhando o jovem funcionário da lanchonete que o servira todos os dias e o único com quem teria a afinidade de conversar.

- Sim Senhor C., parece mesmo, o senhor vai ir para o seu lugar como de costume depois de ler?. Ele perguntou com serenidade.

- Não, por que?

- Por que uma moça acabou de sentar no seu lugar, e ela parece bonita.

- O que tem a ver o lugar e ela ser bonita? acha que irei ceder o lugar? negativo, pois para mim ser bonita não é sinal de ganhar as coisas com facilidade, principalmente o meu lugar de costume, vamos, chega de conversa, dê meu café, pois estou ficando congelado com esse frio, vou ficar aqui até terminar tudo, vou dar esse gosto para ela somente hoje.
Carl vivia numa cidade fria, e por isso tinha alguns problemas com a sua cidade, preferia se mudar para um lugar que fizesse sol todo o ano, ele odiava o frio unicamente por causar gripe, resfriado, corisa, e outras doenças respectivas, que o deixassem meio lento e até mesmo de cama.
Ele trabalhava num prédio escondido em uma rua de pouca circulação, os carros que paravam nas calçadas eram sempre os mesmos, nunca variavam e por causa disso, uma certa ânsia em seu estômago começou a ser causada apartir de um certo tempo, principalmente por um carro cor verde abacate com sinais de vandalismo, fazendo Carl sempre se remoer de raiva lembrando que a sua cidade era fraca em questão de segurança e que ninguém, exatamente ninguém fazia algo contra.

Seu trabalho era monótono, pois era simplesmente analisar contas de pessoas que estão em seus últimos dias de vida e precisam de alguma cirurgia ou transplante para um hospital da cidade vizinha, e assim dar visto ou automaticamente podendo negar qualquer um por questões futeis da burocracia americana.
Ninguém poderia reclamar se ele negasse, ele pensava assim, ninguém me conhece ou sabe que sou eu que nego e aceito os pedidos, então lógica e automaticamente posso ser o juiz de vidas de qualquer um que passar por esse hospital. O remorso para ele não existia, pois sua vida pacata não deixara ter esse sentimento e sendo assim suas opções eram feitas com a maior frieza e certeza possíveis.

No dia seguinte, ele estava apressado, pois devido a um problema, ele precisou deixar algumas fichas de avaliação para o dia seguinte.
- Wilson! prepare rápido o café, hoje tenho uma pilha de trabalhos, vamos! corra!

Apressado ele foi correndo para seu sagrado lugar, em uma mão o café e na outra tampando quase sua visão o diário jornal, mas ao chegar no lugar ele viu um par de pés femininos, usando uma bota preta com detalhes ornamentais no lado feitos com uma fina linha branca:
- Perdão senhora, esse é o meu lugar. Ele disse com um certo tom de deboche já que, todos sabiam que aquele era o seu lugar

- Oh! me desculpe senhor?. Procurando saber o nome do mesmo para buscar aproximação.
Ele permaneceu calado

- Eu vou me mudar, acalme-se.

Assim ela se levantou, ele sentou, e ela automaticamente sentou a frente de Carl com cara de alegria.

- Posso me sentar na mesma mesa, né?

Ele deu-se os ombros.
Automaticamente, lendo uma tira falando de pessoas que reclamavam de pedidos negados para transplantes de coração ele caiu em gargalhadas e assim provocou a curiosidade da moça.

- Posso saber do que "senhor" ri tão alto? se claro, "senhor" quiser compartilhar com alguém que o "senhor" nem conhece o nome, oh! esqueci de me apresentar, sou Penny e acabei de me mudar. ela disse atrapalhada com ar de ter fracassado na sua tentativa de afinidade com seu primeiro nativo com quem dialogaria para buscar afinidade e seu sutáque britânico.

Ele pensou consigo mesmo: quem é essa moça com cara de britânica, loira e de olhos azuis claros como se fossem uma estúpida piscinina com excesso de clóro? vou responder como sempre respondo todos que querem conversar comigo para tentarem tornar-se próximos a mim.
- Dou risada alto desses inúteis pobres dessa inutil cidade, todos acham que salvar vidas não sai caro e não custa nada para o hospital ou para os médicos, somente reclamam que o serviço fede, ou que ninguem liga para eles, são um bando de tolos pois as decisões são feitas por um sádico que sabe muito bem medir o certo e o errado, se eles querem salvar a vida de alguém, primeiramente deveriam evitar muitas porcarias que por ai existem e também terem uma otima concepção de valores.

Foi a vez da moça dar-se os ombros dizendo:
- Ah! se você acha isso, ótimo! poderás algum dia por uma situação dessas e mudará o conceito sobre vida e morte.

- Quem ser você para me dar alguma perspectiva mulher? Já estressado perguntou procurando de uma vez encerrar e traumatizar aquela mulher para nunca mais pensar em conversar com ele.

- Sou enfermeira e acabei de me ser transferida, eu trabalhava no da cidade vizinha mas devido a uma pequena lotação de funcionários tive que me mudar devido a transferencia, "Senhor" não é de muitos amigos? "Correcto"?

- Amigos são fúteis para mim, só me atrapalham e fazem meu serviço ficar atrasado, isso por que são para serem amigos, imagino eu se tivesse inimigos, falando em serviço, parabéns! você fez meu dia ficar mais corrido já que não tomei meu café e o mesmo esfriou...
- Eu pago outro. Ela interrompeu.
- Não precisará, odeio ficar devendo para quem eu não conheço, Wilson! prepare uma xicará de café para a viagem, pois o meu esfriou e você sabe que eu odeio café requentado e.
- Se me der licença senhora, vou me retirar e alias, tenha um otimo dia. Disse ele com um tom satírico.

Continua.